17 de agosto de 2013

Mayara Medeiros

Olá pessoal!
Bom, essa semana soltamos algumas dicas, sobre a nossa entrevistada de hoje!
Ela, foi uma Ex BBB 12, trabalha em uma produtora de filmes pornô a Xplastic, artista plástica, Arte Educadora, e uma pessoa maravilhosa!


(essa é May)




Ela é a Mayara Medeiros!
E aqui estão algumas perguntinhas que fizemos para ela, e que com muito carinho ela nos respondeu:


QMM: Como começou a trabalhar na Xplastic, qual foi o interesse em começar a trabalhar lá?

May: Então, rs! Não rolou um interesse imediato, não foi planejado. Quando vi estava aqui! Rs. Eu tinha 18 anos e recebi o convite de um amigo para produzir a Erotika Fair (maior feira de mercado adulto da America Latina), eu não assistia filmes adultos, nunca tinha entrado em uma sex shop, tinha acabado de iniciar uma vida sexual ativa, enfim, um pintinho que tinha acabado de quebrar a casca, achei o convite esquisito e fui perguntar o que minha mãe achava (até hoje faço isso). Ela deu um golpe mortal me respondendo que se eu não fosse eu teria comprado a hipocresia de um monte de gente que eu nem conhecia. E lá fui eu, querendo ganhar mais do que pagar pela loucura dos outros. Esse mesmo amigo me apresentou o Rufiao, idealizador da Xplastic, muito mais porque o Rufiao curtia pegar todo mundo do que pra trabalho. Ai vi que a Xplastic não era pornografia de massa, essa merda que você assiste e fica com dó da guria que está se sujeitando aquele papel. As meninas que trabalhavam na Xplastic pareciam que não estavam ali porque precisavam da grana. Era mais um ato de eu POSSO fazer isso. Era um lance de rebeldia, de testar seus próprios limites e eu fiquei tentada a conhecer esse monte de maluco que não seguia um roteiro, que não tinha medo. Até que começaram a falar que eu era parte da turma deles e eu fiquei feliz pra caralho. Ahahahhahahaha


QMM: Qual é a sua função na Xplastic?
May: Eu brinco que sou assistente de serviços gerais! Rs Você sempre vai me ver catando as coisas que essa galera espalha, organizando a documentação que chega, conversando com as modelos... Mas minha função de verdade é cuidar da comunicação da marca. A Xplastic está mudando de roupa completamente, ainda esse ano entra no ar um site que funciona em mobile (celulares e tablets) e aproveitamos isso pra mudar o logo e as cores que na real até então não tinha uma definição. Então, eu sento e quebro cabeça com isso, cuido quase em tempo integral da imagem da marca. Isso inclui as reuniões com a Les, nossa design, em como estamos nos comunicando com as modelos, atrizes, clientes e com as bandas que é um dos traços fortes da Xplastic que tinha ficado um pouco de lado e agora pretendemos voltar. Alem da divulgação nas mídias sociais, da produção de eventos que fazemos ou participamos e da idealização de novos projetos, como o Party Girls, uma festa só com garotas se fotografando ou sendo fotografadas e o Gostosa Tatuada, ensaio para as meninas alternativas que não querem tirar a roupa completamente mas ainda assim querem mostrar que são sexys e ganhar uma graninha com isso.

QMM: Você é feliz trabalhando na Xplastic?

May: Demorei um pouco pra perceber que ser feliz é muito mais culpa sua do que dos lugares em que você trabalha. Gosto muito de todo mundo da Xplastic, são pessoas da minha rotina e sou feliz aqui. Mas se amanhã eu mudar provavelmente continuarei feliz, então não sei se é culpa deles. Ahahahah

QMM: Você sabe quanto um ator e uma atriz pornô costuma ganhar?

May: Depende muito do que esse ator ou atriz colocarão em prática. Geralmente se cobra por cena, cada cena dura cerca de uma hora pra ser gravada e vai 20 minutos pro ar. Então o padrão que pagamos pra mulheres e homens é R$300 a cena. Mas raramente chamamos alguém pra fazer uma cena só. Geralmente chamamos pra uma diária com 4  cenas. Então uma diária fica por R$1.200. Mas tem pessoas que oferecemos bem mais, dependemos do quanto aquele profissional vale a pena. E aí muita coisa está em jogo, desempenho, disputa de agenda e repercussão no mercado são algumas delas.

QMM: Quais são os pré requisitos para ser um ator pornô?

May: Depende de qual produtora o ator quer trabalhar, aqui na Xplastic gostamos de um perfil mais natural, e não escolho a palavra natural a toa. Realmente preferimos alguém que não seja cheio de artifícios típicos de um ator pornô. Acho que todo mundo já cansou desse perfil. Além disso, não pode ter vergonha de ficar de pé em público! 
QMM: Pra ser um ator pornô tem que ter o 'material' grande?

May: Não. Um tamanho que apareça na câmera já está bom. Mas uma coisa mega importante é ter muita higiene. Alguém que trabalha com o corpo deve saber que o corpo pode falar muito mal de você. Então é bom ter todos os cuidados. E higiene é só o básico. Fazer exames com freqüência e ter uma alimentação saudável também fazem muita diferença.

QMM: Qual gênero de pornô você mais gosta?

May: Acho que tem muito filme pornô demais sabe?! Tudo exagerado, unhas enormes, aplique no cabelo, lente de contato, bronzeamento artificial. Nossa! NÃO! Rs Eu gosto muito de filmes com umas meninas tatuadas ou que de tão naturais são diferentes. Gosto de filmes com atores que parecem alguém com quem eu tomaria cerveja no bar. Bom, eu gosto muito das coisas que a Xplastic faz, é legal trabalhar com uma coisa que você gosta. Mas fora isso eu gosto de pornochanchada e pornôs vintage em geral. Parece que tinha uma leveza, um frescor maior nas coisas. Recentemente no PopPorn Festival aqui em São Paulo, teve alguns filmes PinkEiga, gênero pornô japonês vintage, é quase uma novela de 2 horas. É divertido e muito sexy. E sempre curti alguns de dominação também. É bem interessante ver mulheres e homens experimentar limites do prazer sem blá blá blá de sexismo. Acho que todos os filmes que citei são muito livres. Acho que sexo é meio isso, ou você está com a cabeça livre pra aproveitar ou você não aproveita. Nem o sexo e nem você mesmo. Gosto de filmes que passam essa ideia.

QMM: Já teve alguma relação homossexual? Se já, você gostou?

May: CLARO! Pra ambas perguntas.
QMM: O que você acha do casamento entre pessoas do mesmo sexo?

May: Acho um saco em 2013 isso gerar debate.

QMM: O  que acha da adoção de crianças por casais homossexuais?

May: Acho que a boa criação de uma criança está relacionada ao caráter dos pais e não ao seu sexo. Todo mundo já viu no centro da sua cidade crianças na ruas, abandonadas, vivendo na “sorte”. Tem muita gente produzindo gente e jogando na rua. Isso é algo muito grave e tem alguém lutando contra isso? Acho que se tem alguém que desempenha um grande papel nessa luta são os casais homossexuais, que quando conseguem, dão um lar a essas crianças. Nossos diretos humanos deveria ser mais humanizado. Parece que se preocupam com o direito do feto, mas não se preocupam com o direito a vida. São muitas as questões.
Conheço muitas mulheres que desempenham o papel de mãe e pai. Mas só de dizer isso já me faço uma autocrítica. O que é um papel de mãe, o que é o papel de pai?

Se nos basearmos nos fatores biológicos, no que dois homens não conseguiriam oferecer a criança, estaríamos dizendo que muitas mulheres com dificuldade de engravidar não poderiam adotar bebês. Então se eu parar pra pensar, só posso te responder o que eu acho da adoção e não essa história da adoção por um casal homoafetivo ou heteronormativo. A adoção trará problemas novos para aquela família, assim como toda situação nova provoca, é assim pra tudo não é? Quando você aprende que pode ficar de pé, você aprende que pode cair. Ambos - criança e pais, precisarão de paciência para sanar o que surgir de entrave. Mas  é o nascimento de uma nova vida e se houver amor suficiente esse laço ficará cada vez mais forte e os problemas cada vez menores.

QMM: Você já atuou em algum filme?
Se já, quando foi a sensação?
Se não, tem vontade?


May: Não atuei em nenhum filme e nunca tive vontade por um motivo. Não gosto de ser olhada, me sinto meio patética sabe!?! Não tenho essa coisa de me sentir super bem com todo mundo olhando pra mim. Fico nervosa, incomodada. Se eu fosse uma atriz pornô e não uma empresária do ramo, precisaria fazer a manutenção da minha imagem o tempo todo e sou daquelas que gostam de aparecer nas festas sem ninguém perceber e sair sem que ninguém veja. Só gerar o burburinho. Você viu a May? Ihhhh, acho que ela já sumiu. Meu ego está aí, gosto que saibam quem eu sou, mas odeio que saibam onde me encontrar. Rs Uma vez, uma amiga de quando eu trabalhava na Bienal de arte, a Roberta Campi, me deu um anel que acendia e disse que era pra eu andar com aquilo aceso, que seria talvez o único jeito de me achar. Ahahhahah

QMM: Como vemos em algumas novelas e filmes que não são pornôs, alguns personagens que são um casal, acabam virando casal na vida real (Angelina e Brad).
Você já viu isso acontecer? É frequente?


May: Acho que no pornô não é tanto. Existe quase um estigma de quem tenta sair com alguém depois da cena não ter profissionalismo. Então o clima é mais de respeitar o que o diretor pede e desempenhar bem o papel. E quem foge muito disso costuma durar pouco.

QMM: Existem casais que vão a procura da produtora, por causa de alguma fantasia?
(Tipo fazerem um filme)


May: É engraçado essa pergunta, porque sempre tem alguém com a idéia “genial” de vender filmes para casais. Mas essa idéia, é uma clichê de filme pornô. No mundo real as pessoas não chamam uma produtora pra gravar seu filme, elas ligam a câmera do celular e gravam.

QMM: Qual foi a situação mais bizarra que você chegou a ver no set de filmagem?

May: Uma gravação da Xplastic com a Mônica Mattos e a Bruna Vieira sendo transmitida ao vivo, via twitcam para mais de 24.000 pessoas. Isso foi bizarro!

QMM: Você leu os 50 tons de cinza? O que achou?

May: Li o primeiro pra gravar um podcast pra Xplastic. Repito o que sempre falo sobre ele. É tipo um homem bonito, pode até provocar algum prazer, mas não acrescenta nada.

QMM: Indique para nós, para a equipe, e para os nossos leitores, alguns livros interessantes que tem sexo ou pornôs como tema.

May: Falando em fetiches e afins, acho que A Vênus das Peles de Sacher Masoch e também Filosofia na Alcova do Marquês de Sade. Gosto de alguns da Regina Navarro Lins. E tenho um carinho especial pelo Como pensar mais sobre sexo do Alain de Botton, da Coleção The School of Life.

Fora isso tinha um que eu amava, desses que vendiam nas bancas de jornais, que contava a história de uma escola de freiras que as mulheres se pegavam. Era demais, total politicamente incorreto. Infelizmente não lembro o nome, mas suspeito que muitos dessas proibidoes da banca de jornal provoquem diversão.

 QMM: Qual ator e qual atriz você mais gosta?

May: Nunca tive um ator preferido. Antes gostava das atrizes pelo desempenho na cena, agora gosto muito das atrizes que desempenham bem o papel de atriz pornô em ambos os lados. As que cuidam bem do seu nome como marca, e a Jessie Andrews sempre me surpreende nesse sentido. Ela tem várias marcas com seu nome e está desenvolvendo formas criativas de ganhar dinheiro com a pornografia enquanto muita gente ainda está remando contra a maré.

 QMM: Sabemos que foi lá para 2011 (certo?), mas e a aposentadoria da Sasha Grey, você gostou?

May: Se você assiste qualquer documentário sobre pornografia que tenha a Sasha Grey no meio, percebe que ela era bem exigente com a profissão, isso é um ponto a mais em um mercado que não se leva a sério. Ela pôde se aposentar tão cedo, porque se dedicou muito pra isso e hoje é confortável dizer que parecia que ela sabia o que queria desde o começo. E conseguiu, pegou o dinheiro e a fama pra fazer o que bem entendesse com isso. Se eu gostei? Acho que ninguém que curte pornografia gostou. Rs


Beijos, pessoal!
Espero que tenham gostado!
e May, muito obrigada pelas respostas!
Tâmara.

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